A primeira implosão de um edifício no Brasil aconteceu em 16 de novembro de 1975, quando o edifício Mendes Caldeira, empreendimento, que ficava entre a Praça da Sé e a Praça Clóvis Bevilacqua veio abaixo. Ele estava no caminho da Linha 3 – Vermelha do Metrô, que foi a empresa responsável por desocupa-lo e cuidar do processo de implosão.
A história do Mendes Caldeira começa em junho de 1960, quando jornais como o Correio Paulistano e O Estado de S. Paulo anunciaram suas unidades com o slogan de “o maior negócio do Brasil”. A autoria do projeto do empreendimento é dos arquitetos Jorge Zalszupin e Lucjan Korngold.
Em 1961, pouco tempo após sua conclusão, o edifício já estava com todas suas unidades vendidas. Quando começou a operar ele se tornou um dos prédios mais movimentados e requintados de São Paulo.
Contudo o Mendes Caldeira estava no meio do caminho do Metrô: era preciso de mais espaço para a construção da Estação Sé. As obras da Linha 3 – Vermelha estavam lentas e, no começo dos anos 70, discutia-se a possibilidade de desapropriação de vários edifícios para acelerar a construção do ramal metroviário. O Mendes Caldeira estava entre eles.
Vale a curiosidade que outro prédio histórico também foi desapropriado e destruído pelo mesmo motivo: o Palacete Santa Helena.
Assim, com o pagamento de uma indenização de 26,8 milhões de cruzeiros o prédio “veio abaixo”. Quando foi desocupado, o Mendes Caldeira tinha 250 condôminos, 280 locatários e mais de 5 mil frequentadores diários de seus serviços.
A implosão do edifício foi realizada, como citado, no dia 16 de novembro de 1975, com a presença de autoridades, jornalistas e curiosos. E os números são impressionantes: o edifício desabou em 8 segundos em um trabalho que demandou 500 quilos de dinamite e transformaram os 30 pavimentos do prédio em um monte de destroços.
Importante dizer que, na época, o Metrô fechou um Seguro de Responsabilidade Civil com a Sul América Seguros. O valor dessa precaução ficou na casa dos 25 milhões de cruzeiros e foi acionado, já que algumas vidraças de prédios vizinhos foram destruídas por estilhaços da implosão.
Na ocasião, além do seguro, estavam disponíveis 45 bombeiros do 1º Grupamento e mais 48 recrutados para ficarem de olho em possíveis problemas. Os profissionais, devido à boa execução, não tiveram problemas. Até o então prefeito Olavo Setúbal esteve presente para ver a implosão.
Se a implosão foi um sucesso, o mesmo não aconteceu com os entulhos. Apesar dos cinco carros-pipa e dos 60 varredores preparados para a limpeza do terreno, o trabalho “não andou”. O entulho era “novo” para esses trabalhadores e, de início, nada pôde ser feito. Como estariam as ferragens após a explosão? Será que havia o risco de remover partes do entulho e algo desmoronar?
Dessa forma, os sete caminhões da empresa contratada acabaram ficando parados. E, durante dias, foram despejados 18 mil litros de água por dia sobre os escombros, tanto para parar a poeira, quanto para evitar que algum incêndio surgisse.
Com o passar dos dias, os entulhos foram lentamente removidos para evitar acidentes e a praça foi, enfim, liberada. Como curiosidade, vale o destaque de que hoje existe outro Edifício Mendes Caldeira. Ele está na Avenida das Nações Unidas, 10.989, na Vila Olímpia.
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